Infância 1 - O pai alcólatra

Mesmo com esses problemas fui crescendo, brincando, tentando fazer amigos, enfim, ser uma criança normal.
Com meus 10, 11 anos, meu pai ficou desempregado e aí começou uma grande luta na nossa vida. Não, isso não diminuiu meu amor por ele. Muito pelo contrário. Isso só inverteu os papéis. Parecia que ele era o filho. Mas isso foi aos poucos.
No começo foi uma revolta só.

Eu estudava num colégio particular, cheio de filhinhas de papais engravatados. Eles chegavam lá para levá-las de terno e gravata. E o meu ia me levar de havaianas, sem camisa e o pior, bêbado.
Não preciso dizer que criei inimizades com toda a minha turma do colégio, né?
Começavam a rir de mim, botar apelidos no meu pai e eu o defendia da maneira que eu podia.
Então elas me excluiam do grupinho delas porque eu era diferente. Eu tinha um pai bêbado. E, pra agravar, eu não era tão rica como elas, não tinha ainda viajado pra fora do país, não tinha as melhores roupas de marca.
Então ocupava o meu tempo na escola fazendo o que se tem que fazer lá: estudando. E era sempre a melhor da classe. Hoje vejo que elas só me fizeram bem me excluindo da turminha delas.

Mas não era só no colégio que a luta com o meu pai existia...

No prédio onde eu morava ele era a piada. Como chegava bêbado, as crianças ficavam rindo dele. Botavam apelidos na gente, fazendo referências a ele.
Mas o mais difícil pra mim, como menina, na época, era ir buscá-lo no bar.
Ele ficava num bar bebendo no meio de um monte de homens, obviamente todos tão ou mais bêbados do que ele, e, muitas vezes, passava mal (mais tarde descobriríamos que era em virtude do diabete). Aí iam chamar a gente em casa para buscar ele que tava tendo convulsões lá.
Minha mãe jamais irira sair de casa pra ir num bar. Meus irmãos idem. Então sobrava pra mim, que nunca ia abandonar meu pai.
Era uma humilhação muito grande entrar naquele boteco sujo, cheio de caras nojentos, pra carregar meu pai nos braços, arrastando pra casa e, muitas vezes com a ambulância. Mas eu sempre fui.

Mas isso acabou. E eu fiz parte disso. Ele não bebe mais há 12 anos. Mais pra frente eu conto.

1 comentários:

  1. Olá! Gostei da sua autenticidade. Meu e desejo é que tudo se resolva da melhor maneira,e também tudo já passou! Fé em Deus e tudo sairá bem. Abraços

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